Bento XVI afirmou hoje no Vaticano que a sua decisão de renúncia ao pontificado, que se conclui esta quinta-feira, implicou uma “inovação” e disse que a mesma foi para o "bem da Igreja".
“Dei este passo com plena consciência da sua gravidade e inovação, mas com uma profunda serenidade de espírito”, explicou o Papa, em português, perante mais de 150 mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro, para a última audiência pública do pontificado.
À imagem do que fez no último dia 11, quando anunciou a resignação, Joseph Ratzinger, de 85 anos, explicou a sua renúncia com a idade avançada e a falta de forças.
“Sentindo que as minhas forças tinham diminuído, pedi a Deus com insistência que me iluminasse com a sua luz para tomar a decisão mais justa, não para o meu bem, mas para o bem da Igreja”, precisou.
O Papa agradeceu “o respeito e a compreensão” com que foi recebida a sua decisão de renunciar ao pontificado e deixou uma promessa: “Continuarei a acompanhar o caminho da Igreja, na oração e na reflexão, com a mesma dedicação ao Senhor e à sua esposa [Igreja] que vivi até agora e quero viver sempre”.
Bento XVI sustentou que um Papa “não está sozinho na condução da barca de Pedro [Igreja Católica], embora lhe caiba a primeira responsabilidade”.
“Nestes quase oito anos, sempre senti que, na barca, está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas do Senhor”, prosseguiu.
O Papa evocou o dia da sua eleição, a 19 de abril de 2005, lembrando que na altura falou num “grande peso” que lhe era colocado sobre os ombros.
“O Senhor colocou ao meu lado muitas pessoas que me ajudaram e sustentaram”, observou.
Bento XVI disse que vai continuar a “acompanhar a Igreja” com a sua oração e pediu aos fiéis que rezem por si e pelo seu sucessor.
“Peço que vos recordeis de mim diante de Deus e sobretudo que rezeis pelos cardeais chamados a escolher o novo sucessor do Apóstolo Pedro”, apelou, em português, uma das 12 línguas em que o Papa interveio esta manhã.
Bento XVI apresentou a sua renúncia no último dia 11, com efeitos a partir de quinta-feira, por causa da sua “idade avançada”, abrindo caminho à eleição do seu sucessor.
A última renúncia de um Papa tinha acontecido há quase 600 anos, com a abdicação de Gregório XII, em 1415.
(Cidade do Vaticano, 27 Fevereiro 2013 (Ecclesia) )
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