terça-feira, 16 de setembro de 2014

Papa Francisco celebrou 20 casamentos ao mesmo tempo.

Em um sinal de que a Igreja Católica quer ser mais aberta e inclusiva, o papa Francisco oficializou, no domingo (14 de Setembro de 2014), no Vaticano, o casamento de 20 casais.

Decidiu celebrar casamentos no Vaticano, algo que só João Paulo II se sabe ter feito, e, entre os 20 casais escolhidos para a cerimónia no Vaticano, estavam Gabriella, 48 anos, mãe solteira de uma adolescente, e Guido, 56 anos e divorciado. Juntos há cinco anos, os dois romanos tinham muita vontade de ver a sua união reconhecida pela Igreja.

Foram os primeiros casamentos realizados pelo Papa desde que assumiu o pontificado, há 18 meses.

O casamento, disse o Papa aos 20 noivos e às 20 noivas, “não é um caminho fácil, é uma viagem por vezes conflituosa, mas é a vida”. “É normal que os esposos discutam. Isso acontece todos os dias, mas não cheguem ao fim do dia sem terem feito as pazes, basta um pequeno gesto...”, aconselhou o Papa Francisco.

Gabriella e Guido formavam um dos casais menos jovens dos 20, mas um noivo nascido em 1958 e uma noiva nascida sete anos mais tarde foram o casal mais velho da cerimónia presidida por Francisco; os mais novos são uma jovem nascida em 1989 cujo recém-marido nasceu em 1986. Segundo indicações do Papa, os noivos foram escolhidos para representar a diversidade de casais actuais, incluindo alguns que já viviam juntos, outros com filhos, mas também pessoas que se conheceram na paróquia.

É a primeira vez que Francisco celebra casamentos desde que foi eleito Papa, no ano passado, e os seus antecessores poucas vezes o fizeram. De acordo com a AFP, só João Paulo II casou noivos: em 1994, Ano da Família, e de novo em 2000, durante o Jubileu das Famílias.

Esta cerimónia acontece três semanas antes do sínodo (encontro de bispos no Vaticano) previsto para 5 a 19 de Outubro e dedicado precisamente a discutir os desafios da família e do casamento religioso. Alguns defendem que os divorciados devem simplesmente poder receber a comunhão, afirmando que isso não coloca em causa o carácter indissolúvel do sacramento do casamento; outros defendem a continuação da regra que o proíbe. Nem todos acreditam que o Papa vá conseguir navegar da melhor forma entre as tensões que se sabe vão surgir.

“Este Papa maravilhoso continua a propor, a crentes e não crentes, uma Igreja que é amor, compreensão, abertura e acolhimento”, disse a noiva Gabriella, citada pelo site da revista católica Famiglia Cristiana. “Somos maduros e imperfeitos”, afirmou Guido, explicando que a Igreja lhe está a dar “uma segunda oportunidade, a de construir uma nova família”.

Francisco, o primeiro Papa não europeu em 1.300 anos, tem expressado tolerância em relação a vários outros assuntos que são tabu na Igreja Católica.

Sobre gays, disse: "Quem sou eu para julgar uma pessoa que procura Deus e tem boas intenções?".

O Papa Francisco disse durante a cerimónia que o casamento pertence à vida real e não é uma ficção. Instigou, assim, os casais a enfrentarem com "reciprocidade as diversas circunstâncias que encontrarão no seu caminho".


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