O Papa Francisco escreveu uma carta a todos os religiosos e religiosas da Igreja Católica, divulgada hoje no Vaticano, pedindo-lhes que sejam um modelo de fraternidade para o mundo atual.
“Numa sociedade do confronto, da difícil convivência entre culturas diferentes, da exploração dos mais fracos, das desigualdades, somos chamados a oferecer um modelo concreto de comunidade que, através do reconhecimento da dignidade de cada pessoa e da partilha do dom que cada um transporta, permita viver relações fraternidade”, refere a missiva, que tem data de 21 de novembro, festa litúrgica da Apresentação de Maria.
O texto visa explicar os objetivos, expectativas e horizontes do Ano da Vida Consagrada que tem início marcado para este domingo.
“Espero de vós aquilo que peço a todos os membros da Igreja: sair de si para ir ao encontro das periferias existenciais”, escreve o Papa Francisco.
O Papa elogia o caminho de renovação da Vida Consagrada nos 50 anos que se seguiram ao Concílio Vaticano II, afirmando que, apesar de todas as fragilidades, é preciso apresentar hoje “a santidade e a vitalidade” presentes nos membros dos vários institutos.
O Ano da Vida Consagrada vai prolongar-se até 2 de fevereiro de 2016, festa litúrgica da Apresentação de Jesus e dia tradicionalmente dedicado aos religiosos e religiosas.
Francisco convida todos a “olhar o passado com gratidão”, por tudo o que a Vida Consagrada já deu à Igreja, chegando hoje a “novos contextos geográficos e culturais”.
Neste sentido, mais do que uma “arqueologia”, os religiosos são desafiados a “percorrer de novo o caminho das gerações passadas”, dos fundadores das ordens e congregações, para colher a sua inspiração.
O Papa pede, por isso, que os consagrados vivam o presente “com paixão”, deixando-se interpelar pelo Evangelho e tendo Jesus Cristo como “primeiro e único amor”.
“A fantasia da caridade não conheceu limites e soube abrir incontáveis caminhos para levar o sopro do Evangelho às culturas e aos mais diversos âmbitos sociais...”, assinalou.
A carta deixa uma palavra de esperança para o futuro, apesar de problemas como a diminuição das vocações e do envelhecimento, sobretudo no mundo ocidental, a globalização, a crise económica, o relativismo e a “irrelevância social”.
Francisco, primeiro Papa jesuíta da história, apresenta como marca dos religiosos a “alegria”, numa sociedade que ostenta o “culto da eficiência”, e a “profecia”, para denunciar “o pecado e as injustiças”.
O texto deixa indicações precisas quanto à necessidade de agilizar as instituições, com a “reutilização das grandes casas em favor de obras mais adequadas às atuais exigências da evangelização e da caridade”.
O Papa deixa uma palavra de apreço aos leigos que partilham os ideias e a missão dos institutos consagrados, realçando depois que este ano diz respeito a toda a Igreja, que deve agradecer tudo o que recebeu através da “santidade dos fundadores e fundadoras” e da fidelidade dos religiosos e religiosas ao seu carisma.
Após recordar que há consagrados e consagradas noutras confissões cristãs e que o fenómeno do monarquismo existe “em todas as grandes religiões”, o Papa Francisco conclui a sua carta dirigindo-se aos bispos, para que valorizem a Vida Consagrada como algo que “pertence inteiramente” à Igreja Católica, como “elemento decisivo da sua missão”.
Fonte: (Cidade do Vaticano, 28 nov 2014 (Ecclesia)