domingo, 23 de novembro de 2014

DEUS AMA A QUEM DÁ COM ALEGRIA...

O coração da dona Elvira era muito generoso. Apesar de ser pobre, a boa senhora ajudava sempre todos os necessitados que fossem pedir-lhe uma esmola, em nome de Deus. O seu marido, o senhor Rui, era um honrado motorista, muito trabalhador, mas o seu salário era o modesto valor que recebia pelo serviço feito para os moradores da pequena vila. O que ganhava era apenas suficiente para sustentar a esposa e a filha, Margarida.
Mesmo assim, apoiava os pródigos gestos da sua mulher. E nunca faltava nada naquele humilde lar! Tudo isso devia-se à piedade do casal que, sem deixar de confiar na Providência Divina, era caridoso para com aqueles que necessitavam ainda mais do que eles. Jamais abandonavam a frequência aos Sacramentos, pois sabiam que estes e a oração eram o seu sustento e a sua força. Porém, o tempo passava e a pequena Margarida foi crescendo.
Apesar do bom exemplo dos seus pais, a menina era caprichosa, vaidosa e muito egoísta. Quando ia brincar com as amiguinhas da vizinhança, constantemente era a que deveria ganhar em todos os jogos, e tinha que ser o centro das atenções. Em nada imitava a humildade e a generosidade dos pais.
Quando completou sete anos, a sua madrinha, senhora de certas posses, deu-lhe de presente uma linda boneca, com olhos de vidro e um vestido de princesa. A menina ficou encantada! Logo foi mostrá-la às companheiras. Mas em vez de deixar que cada uma a pegasse nas mãos, acariciasse e embalasse, cheia de apego, nem permitiu que tocassem no seu novo brinquedo, voltando para casa com muita arrogância!
A mãe preocupava-se com a filha, pois via que estava a andar por um caminho bem perigoso e, se continuasse assim, seria uma pessoa muito infeliz e perderia a amizade de Deus. Por isso, pedia muito à Santíssima Virgem por ela. E dava-lhe sempre bons conselhos:
- Filhinha, devemos pensar que assim como Jesus é generoso connosco, devemos ser com os outros. Se ganhaste esta linda boneca, é para que possas brincar junto com as tuas amigas. Nada temos que não tenha vindo da bondade de Deus. Não sejas egoísta!
A menina escutava atenta, mas logo esquecia os bons conselhos da mãe…
Algum tempo depois, começou a catequese para a sua Primeira Comunhão. Margarida ouvia com interesse a catequista contar os milagres de Jesus, como Ele tinha curado os doentes, ajudado os mais necessitados e como era generoso para com todos. O seu pequeno coração foi sendo tocado pela graça e começou a fazer um exame de consciência de como andava mal com as suas atitudes egoístas e caprichosas…
Já na véspera do grande dia, antes mesmo da primeira Confissão, as crianças da catequese tiveram uma Missa preparatória para a mesma. E, numa das leituras, a menina ouviu:
-“Dê cada um conforme o impulso do seu coração, sem tristeza nem constrangimento. Deus ama quem dá com alegria” (II Cor 9, 7).
Aquelas palavras entraram como um raio de fogo no seu coração! Queria ser ela também amada por Deus… Queria sentir a alegria de dar!
 Terminada a Santa Missa, na porta da igreja, Margarida encontrou- se com um mendigo.
A aldeia era pequena e todos se conheciam, mas aquele infeliz mendigo era-lhe totalmente desconhecido. O homem pedia uma esmola, por amor a Deus. Diante de tal súplica, Margarida sentiu-se tocada, pois ainda ressoavam na sua alma as palavras que acabara de ouvir:
-“Deus ama quem dá com alegria”…
Margarida levava sempre no seu pescoço uma correntinha com uma pequena cruz de prata, presente da madrinha, do seu Batismo. Era o objeto pelo qual mais tinha apreço. Sem hesitar e sentindo pela primeira vez a alegria de dar, a menina tirou o estimado objeto e deu-o ao pobre homem. Este olhou-a com extremo afeto e gratidão, e disse-lhe:
- Que Deus lhe pague e recompense!
Tomada de uma rara felicidade, a menina voltou para casa a correr e contou o facto à mãe que, em lágrimas, abraçou a filha, dizendo-lhe:
- Pois minha filha, fica a saber que esta foi a melhor preparação que poderias ter feito para receber Jesus, no Santíssimo Sacramento!
Naquela noite, Margarida teve um sonho.
Jesus aparecia-lhe com a sua cruzinha de prata nas mãos, adornada com as mais belas pedras preciosas. E, sorrindo, perguntava-lhe:
- Conheces este objeto?
Ela respondia-Lhe que sim, mas que não era tão linda como estava agora…
Jesus, então, dizia-lhe:
- Ontem tu deste-a a um mendigo desconhecido, e a virtude da caridade a tornou mais bela! Esse mendigo era Eu! Prometo-te que, no dia do Juízo, na presença dos Anjos e dos homens, mostrarei esta pequena cruz para que a tua glória seja eterna.
Na manhã seguinte, a menina aproximou-se do confessionário, completamente transformada.
Depois de limpar a sua alma dos caprichos e egoísmos, pôde receber Jesus na Eucaristia, com muita consolação e compreendendo o quanto é verdade que “Deus ama quem dá com alegria”.

Reflexão: Ofertar com alegria é fazê-lo de coração, de boa vontade, sentir prazer. Não por necessidade, porque precisa, mas porque quer. Não por obrigação, mas por uma decisão pessoal. Não para pagar por algo, mas em reconhecimento e gratidão por aquilo que Deus é para mim. Não para receber de volta, mas porque Deus já deu tudo. Não para ajudar a merecer o perdão, a paz e a salvação, mas como resposta, como serviço ao Senhor que já deu tudo isso.


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