O patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, afirmou em entrevista à Agência ECCLESIA que o pontificado de Francisco tem sido “muito refrescante” e confirma que o centro do catolicismo já não passa pela Europa.
“Na Europa, não só porque a população está muito mais envelhecida do que noutros continentes, mas porque somos herdeiros de muitas coisas que funcionaram bem e outras nem tanto, não estávamos habituados a esse arejo. Mas acho que nos faz muito bem!”, disse D. Manuel Clemente.
Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, o Papa argentino tem provocado sucessivas “perplexidades” pela sua forma de ser “com o que tem de imediatismo, de simplicidade e até espontaneidade”.
D. Manuel Clemente considera que com a eleição do cardeal de Buenos Aires para 264º sucessor de Pedro “colocou-se a periferia no centro”.
“Quando o Papa foi eleito, apareceu na Varanda da Basílica de S. Pedro e disse que os cardeais o foram buscar ao fim do mundo, temos de considerar o fim do mundo em relação à Europa, mas o princípio para quem lá está”, recordou.
“O que é hoje periférico em relação ao catolicismo, a Europa ou a América Latina?”, questionou.
O patriarca de Lisboa defendeu que “na América Latina está uma grandíssima percentagem do catolicismo mundial”, o que se deve refletir no governo da Igreja, na Cúria Romana.
“Hoje a Igreja, nas suas determinações centrais e na reflexão que vai fazendo pelos seus membros mais responsabilizados, já não é uma Igreja Europeia, mas latino-americana e de outros continentes”, frisou.
“Temos visto sucederem-se à frente de dicastérios romanos cardeais africanos, asiáticos e isso é um processo agora verdadeiramente em curso e muito certo. Porque assim é que deve ser, tratando-se de um serviço à Igreja Universal”, sublinhou.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa referiu também que o estilo do Papa Francisco é uma interpelação constante para “padres, leigos, religiosas e religiosos”.
“Nós não somos nada insensíveis! Pelo contrário, somos constantemente interpelados pela sua maneira de ser cristão e pastor. E isso encontro nas conversas, na apresentação, na simplificação de muita coisa”, disse D. Manuel Clemente, falando pelas dioceses onde esteve, no Porto e em Lisboa.
“Quem anda cá nota isso! Não posso aquilatar de fora, porque estou dentro! Somos muito sensíveis e motivados pela maneira tão evangélica do Papa Francisco exercer o seu ministério”, defendeu.
D. Manuel Clemente vai ser criado cardeal no segundo Consistório do Papa, este sábado e domingo, e, em entrevista publicada na edição especial do semanário digital Ecclesia, analisou o atual pontificado e as reformas em curso.
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