A Igreja põe-nos de sobreaviso com quatro semanas de antecedência, para que nos preparemos para celebrar, de novo, o Natal e, ao mesmo tempo, para que, com a lembrança da primeira vinda de Deus feito Homem, ao mundo, estejamos atentos às outras vindas do Senhor: no fim da vida de cada um e no fim dos tempos. Por isso o Advento é o tempo de preparação e de esperança.
A palavra 'Advento' significa 'vinda', 'chegada' e faz-nos relembrar e reviver as primeiras etapas da História da Salvação, quando os homens se preparam para a vinda do Salvador, a fim de que também nós possamos preparar, hoje, a vinda de Cristo por ocasião do Natal.
O profeta Isaías fala com ênfase da era messiânica, quando todos os povos se hão-de reunir em Jerusalém para adorarem o único Deus. Jerusalém é figura da Igreja, constituída por Deus “sacramento universal de salvação” (LG 48), que abre os braços a todos os homens para os conduzir a Cristo e para que, seguindo os seus ensinamentos, vivam como irmãos na concórdia e na paz. Cada cristão deve ser uma voz a chamar os homens, com a veemência de Isaías, à fé verdadeira e ao amor fraterno. Convida Isaías: “Vinde e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor” (Is 2,5).
O Evangelho do primeiro domingo (Lc 21, 25-28. 34-36) mostra os últimos dias da vida terrena de Jesus. Ele anuncia tempos difíceis de sofrimento e perseguição. Em linguagem apocalíptica, fala da segunda vinda de Cristo. Os “sinais” catastróficos apresentados não são um quadro do “fim do mundo”; são imagens utilizadas pelos profetas para falar do “Dia do Senhor”, quando Ele vai intervir na história para libertar o Seu povo.
O quadro visa reavivar a Esperança pelo novo dia que surgirá e motivar a vigilância para reconhecer e acolher o Senhor que vem. O Evangelho ensina a não esperar passivamente a vinda do Filho do Homem. É preciso “estar atento” à salvação que nos é oferecida e aceitá-la. É preciso ter vontade e liberdade de acolher o dom de Jesus, deixar que Ele nos transforme o coração e se faça vida em nossos gestos e palavras. Preparemos o caminho para o Senhor que chegará em breve; e se notarmos que a nossa visão está embaciada e não distinguirmos com clareza a luz que procede de Belém, é o momento de afastar os obstáculos. É tempo de fazer com especial delicadeza o exame de consciência e de melhorar a nossa pureza interior para receber a Deus.
É o momento de discernir as coisas que nos separam do Senhor e de lançá-las para longe de nós. Um bom exame de consciência deve ir até às raízes dos nossos actos, até aos motivos que inspiram as nossas acções. E procurar o remédio no Sacramento da Penitência (Confissão)! “Vigiai, não sabeis em que dia o Senhor virá”. Não se trata apenas da “parusia”, mas também da vinda do Senhor para cada homem no fim da sua vida, quando se encontrar face a face com o seu Salvador; e será esse o dia mais belo, o princípio da vida eterna!
Toda a existência do homem é uma constante preparação para ver o Senhor, que cada vez está mais perto; mas no Advento a Igreja ajuda-nos a pedir de um modo especial: “Senhor, mostrai-me os vossos caminhos e ensinai-me as vossas veredas. Dirigi-me na vossa verdade, porque sois o meu Salvador” (Sl 24).
Para manter este estado de vigília, é necessário lutar, porque a tendência de todo o homem é viver de olhos cravados nas coisas da terra. Fiquemos alerta! Assim será se cuidarmos com atenção da oração pessoal, que evita a tibieza e, com ela, a morte dos desejos de santidade; estaremos vigilantes se não abandonarmos os pequenos sacrifícios, que nos mantêm despertos para as coisas de Deus.
Diz-nos São Bernardo: “Irmãos, a vós, como às crianças, Deus revela o que ocultou aos sábios e entendidos: os autênticos caminhos da salvação. Aprofundai no sentido deste Advento, sobretudo, observai quem é Aquele que vem, de onde vem e para onde vem; para quê, quando e por onde vem. É uma curiosidade boa. A Igreja não celebraria com tanta devoção este Advento se não contivesse algum grande mistério.”
Procuremos afastar os motivos que impedem o acolhimento do Senhor:
– os prazeres da vida: a pessoa mergulhada nos prazeres fica alienada… Ao domingo, dorme, passeia, pratica desporto, mas não sobra tempo para a Missa.
– trabalho excessivo: a pessoa obcecada pelo trabalho esquece o resto: Deus, a família, os amigos, a própria saúde. Como me estou a preparar para o Natal deste ano? Apenas a programar festas, presentes, enfeites, músicas?
Preparemos, numa atitude de humildade e vigilância, a chegada de Cristo que vem. Procuremos remover da nossa vida toda a bagagem inútil que possa impedir os nossos passos para Cristo. Escutemos São Paulo: "Fazei progressos ainda maiores!" (1Ts 4, 1)
Como viver o Advento?!...
Com o primeiro domingo do Advento, teve início o novo Ano Litúrgico, com a primeira semana do Advento, cujo nome significa "que está por vir". A Igreja convida os fiéis, neste tempo, a viverem a expectativa para o Natal, com esperança e vigilância.
O advento corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal e a liturgia deste período tem dois aspectos: nas duas primeiras semanas, acontece a preparação e reflexão para a segunda vinda gloriosa e definitiva de Jesus, e nas duas últimas, os fiéis são motivados a uma preparação especial para a celebração do nascimento de Jesus.
O Advento é o tempo de alegria e de satisfação interior, da comoção e da harmonia, da ânsia fundamental, que caracterizam todos aqueles que esperam por algo importante e decisivo, e que têm a certeza de que vai mudar a sua vida.
Neste período a Igreja convida os cristãos a viverem com maior afinco a participação na sua comunidade. É um tempo de estar em comunhão com a Igreja. Cada fiel deve preparar-se para viver este tempo em atitude de contínua oração.
Nestes dias, até mesmo os sinais e enfeites utilizados nas igrejas e nas casas dos fiéis exteriorizam esta expectativa: a montagem da Árvore de Natal, do presépio, na liturgia utiliza-se a cor roxa, não se canta o glória (guardando-o para a Noite de Natal), os instrumentos e as flores são usados com mais moderação, para não antecipar a grande festa do dia 25.
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