sexta-feira, 2 de março de 2012

Os três conselhos

Um casal de jovens recém-casados, eram muito pobres e viviam de favores. Um dia o marido fez a seguinte proposta à esposa:
- Vou sair de casa, vou viajar para longe, arranjar emprego e trabalhar até ter condições para voltar e dar-te uma vida mais digna e confortável. Não sei quanto tempo vou ficar fora, só te peço uma coisa, que esperes por mim, e enquanto eu estiver fora, me sejas FIEL, pois eu também te serei fiel.
E partiu. Andou muitos dias a pé, até que encontrou um fazendeiro que estava a precisar de alguém para o ajudar na fazenda. O jovem ofereceu-se para trabalhar, e foi aceite. Pediu para fazer um pacto com o patrão, que também foi aceite. O pacto foi o seguinte:
- Deixe-me trabalhar o tempo que eu quiser e quando eu achar que devo ir, o senhor dispensa-me das minhas obrigações. E não quero receber o meu salário. Peço que o coloque na poupança até ao dia em que eu me for embora.
Tudo combinado. O jovem trabalhou durante vinte anos, sem férias e nem dias de descanso. Depois de vinte anos foi ter com o patrão e disse: 
- Quero o meu dinheiro, pois vou voltar para casa.
O patrão respondeu-lhe:
- Muito bem, fizemos um pacto e vou cumpri-lo, só que antes quero-lhe fazer uma proposta, pode ser? Dou-lhe o seu dinheiro e vai-se embora, ou dou-lhe três conselhos e não lhe dou o dinheiro e vai-se embora. Se lhe der o dinheiro não lhe dou os conselhos; se lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro. Vá para o seu quarto, pense e depois dê-me a resposta.
Ele pensou durante dois dias, procurou o patrão e disse-lhe:
- Quero os três conselhos.
O patrão frisou novamente:
- Se lhe der os conselhos, não lhe dou o dinheiro.
E o empregado respondeu:
- Quero os conselhos.
O patrão então disse-lhe:
- Primeiro, nunca andes por atalhos na tua vida. Caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a tua vida. Segundo, nunca sejas curioso para o que é mal, pois a curiosidade para o mal pode ser mortal. E terceiro, nunca tomes decisões em momentos de ódio ou de dor, pois podes-te arrepender e ser tarde demais. Tens aqui três pães, estes dois são para comeres durante a viagem e este terceiro é para comeres com a tua esposa quando chegares a casa.
O homem seguiu o seu caminho de volta, depois de vinte anos longe de casa e da esposa que ele tanto amava. Após o primeiro dia de viagem, encontrou um viajante que o cumprimentou e lhe perguntou:
- Para onde vai?
- Vou para um lugar muito distante que fica a mais de vinte dias de caminhada por esta estrada.
 O viajante disse-lhe:
- Ó rapaz, este caminho é muito longo, eu conheço um atalho que é dez vezes mais perto e chegas em poucos dias.
O rapaz contente, começou a seguir pelo atalho, quando se lembrou do primeiro conselho, e voltou e seguiu o caminho normal. Dias depois soube que o atalho levava a uma emboscada. Depois de alguns dias de viagem, já muito cansado, viu uma pensão à beira da estrada, onde se hospedou. Pagou a diária e após tomar um banho deitou-se para dormir. De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor. Levantou-se de um salto e dirigiu-se à porta para ir até o local do grito. Quando estava a abrir a porta, lembrou-se do segundo conselho. Voltou, deitou-se para dormir. Ao amanhecer, após tomar o café, o dono da hospedagem perguntou-lhe se não tinha ouvido gritos durante a noite, e ele respondeu que sim. O hospedeiro perguntou-lhe se não estava curioso de saber o porquê do barulho, e ele respondeu que não. O hospedeiro prosseguiu:
- Tu és o primeiro hóspede a sair daqui vivo, pois o meu filho tem crises de loucura, grita durante a noite... e quando o hóspede sai, mata-o e enterra-o no quintal.
O rapaz prosseguiu a sua jornada, ansioso por chegar a casa. Depois de muitos dias e noites de caminhada...
Já ao entardecer, viu entre as árvores o fumo da sua casinha, avançou e viu entre os arbustos a silhueta da sua esposa. Era o anoitecer, mesmo assim ele conseguiu ver que ela não estava só. Andou mais um pouco e viu que ela estava com um homem a quem estava a acariciar os cabelos. Quando viu aquela cena, o seu coração encheu-se de ódio e amargura e decidiu-se a ir ao encontro dos dois e matá-los sem piedade. Respirou fundo, apressou os passos, quando se lembrou do terceiro conselho. Então parou, reflectiu e decidiu dormir aquela noite ali mesmo e no dia seguinte tomar uma decisão. Ao amanhecer, já com a cabeça fria, pensou: “Não vou matar a minha esposa nem o seu amante. Vou voltar para o meu patrão e pedir que ele me aceite de volta. Mas antes, quero dizer à minha esposa que eu sempre lhe fui fiel.” Dirigiu-se à porta da casa e bateu. Quando a esposa abre a porta e o reconhece, atira-se ao seu pescoço e abraça-o afectuosamente. Ele tenta afastá-la, mas não consegue. Então, com lágrimas nos olhos diz-lhe:
- Eu fui-te fiel e tu atraiçoaste-me...
Ela espantada respondeu:
- Como? Eu nunca te trai, esperei durante estes vintes anos!
Ele perguntou:
- E aquele homem que tu estavas a acariciar ontem ao entardecer?
- Aquele homem é o nosso filho. Quando tu foste embora, descobri que estava grávida. Hoje ele está com vinte anos de idade.
O marido entrou, conheceu e abraçou o filho e contou-lhes toda a sua história, enquanto a esposa preparava o café. Sentaram-se para tomar café e comer juntos, o último pão. Depois de rezarem a agradecer, com lágrimas de emoção, ele parte o pão e, ao abri-lo, encontra dentro todo o seu dinheiro, o pagamento pelos seus vinte anos de dedicação! 

Moral da história:
Muitas vezes achamos que o atalho "queima etapas" e nos faz chegar mais rápido, o que nem sempre é verdade... 
Muitas vezes somos curiosos, queremos saber coisas que não nos dizem respeito e que nada de bom nos acrescentam...
Outras vezes, agimos por impulso, na hora da raiva, e fatalmente arrependemo-nos depois...
Não te esqueças destes três conselhos e, principalmente, não te esqueças de CONFIAR em DEUS... (mesmo que a vida, muitas vezes já nos tenha dado motivos para a desconfiança).



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