segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A Gratidão

O homem, por detrás do balcão olhava a rua de forma distraída. Uma garotinha aproximou-se da loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrina. Os olhos da cor do céu brilharam quando viu determinado objecto. Entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesas azuis e disse:
- É para a minha irmã. Pode fazer um embrulho bem bonito?
O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e perguntou-lhe:
- Quanto dinheiro tens?
Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse: - Isto dá, não dá?
Eram apenas algumas moedas, que ela exibia orgulhosa.
- Sabe, eu quero dar este colar azul à minha irmã mais velha. Desde que a nossa mãe morreu, ela cuida de nós e não tem tempo para ela. É o aniversário dela e tenho a certeza que ela ficará feliz com o colar que é da cor dos seus olhos.
O homem foi para o interior da loja, colocou o colar num estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.
- Toma, leva com cuidado.
Ela saiu feliz, saltitando pela rua abaixo. Ainda não tinha acabado o dia quando uma linda jovem de longos cabelos loiros e maravilhosos olhos azuis entrou na loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:
- Este colar foi comprado aqui?
- Sim, senhora.
- E quanto custou?
- Ah, - disse o dono da loja, - o preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o freguês.
A moça continuou: …mas a minha irmã tinha somente algumas moedas. O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para pagá-lo!
O homem pegou no estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e devolveu-o à jovem dizendo:
- Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. - disse ele. – Ela deu tudo o que tinha.
O silêncio encheu a pequena loja, e duas lágrimas rolaram pelas faces jovens, enquanto as suas mãos tomavam o embrulho e ela retornava ao lar, emocionada.

(desconheço o autor)

Verdadeira doação é dar-se por inteiro, sem restrições. Gratidão de quem ama não coloca limites para os gestos de ternura. E a gratidão é sempre a manifestação dos espíritos que têm riqueza de emoções e altruísmo.
Sê sempre grato, mas não espere pelo reconhecimento de ninguém.

Gratidão, como amor, é também dever que não apenas aquece quem recebe, como reconforta quem oferece.



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